Samanta e Daniel entraram em casa, exaustos depois de um longo dia.
— Estou morrendo… — ela resmungou, levando a mão ao pescoço dolorido e girando a cabeça lentamente na tentativa de aliviar a tensão.
Daniel sorriu, colocando as chaves sobre a mesa da sala. — Quer tomar um banho primeiro? Eu esquento o jantar.
Ela suspirou, sentindo o cansaço pesar sobre os ombros. — Vou chamar o Lewis.
Pegou a pasta do marido enquanto ele seguia para a cozinha, carregando as sacolas com a comida que havia encomendado antes de buscá-la no trabalho.
Samanta caminhou pelo corredor, parando em frente à porta do filho, que estava entreaberta. Estranhou. Lewis sempre fechava a porta antes de dormir.
— Lewis, meu amor? — chamou, dando uma batida leve na madeira.
Nenhuma resposta.
Seu coração acelerou levemente, mas ela afastou o incômodo como cansaço exagerado. Empurrou a porta devagar.
No entanto, o que viu a fez congelar no lugar.
Uma tontura repentina turvou sua visão. Sua mente demorou a processar o que estava diante dela.
Então, como se uma onda de choque finalmente atingisse seu corpo, sua reação veio em um grito.
Daniel, que acabava de colocar os pratos sobre a mesa, parou no mesmo instante.
— Samanta?!
Sem pensar, disparou escada acima.
— O que foi?!
Ao cruzar a porta do quarto, sentiu o próprio mundo ruir.
A cena diante dele o atingiu como um golpe violento, paralisando-o. O horror o sufocou, e, por um momento, tudo ao seu redor pareceu deixar de existir.
Uma hora antes
Lewis sobressaltou-se quando a porta foi aberta bruscamente. No susto, o frasco de comprimidos caiu e se espalhou no chão.
Ele olhou apavorado para o responsável e congelou.
— E-Edward… — Seus dedos se apertaram contra o tecido dos lençóis.
O cacheado estreitou os olhos, analisando a cena. Primeiro, olhou para Lewis, depois para os comprimidos espalhados pelo chão. Por um momento, não disse nada. Então, inesperadamente, começou a rir.
O riso foi crescendo, ecoando pelo quarto. Edward se curvou, apoiando-se nos joelhos, como se tivesse ouvido a piada mais engraçada do mundo.
Lewis o observava, o rosto em uma mistura de confusão e nervosismo. Seu peito subia e descia rápido demais.
— Você… — Edward tentou recuperar o fôlego, soltando outra risada. — finalmente decidiu acabar com essa sua vida miserável?
Lewis abaixou a cabeça encolhendo os ombros. Ele se sentia ridículo. Fraco.
Edward enxugou uma lágrima no canto do olho, ainda sorrindo. — Ah, maninho… — murmurou, sua voz carregada de uma ironia venenosa. Ele começou a caminhar lentamente até Lewis. — Se você queria tanto morrer… podia ter me contado.
O pavor tomou conta de Lewis antes mesmo que Edward terminasse a frase.
— Eu podia ter ajudado.
O toque veio rápido e brutal. Edward agarrou a nuca de Lewis e o puxou sem piedade, jogando-o ao chão com força.
O impacto arrancou um grito de dor de Lewis, que tentou se arrastar para trás, mas Edward foi mais rápido. Segurou seu maxilar com força, os dedos se cravando em sua pele enquanto pressionava o joelho contra sua barriga, tirando-lhe o ar.
— Ah…! — Lewis arfou, sentindo o peso esmagá-lo. Seus olhos se arregalaram em puro terror quando Edward pegou um punhado de cápsulas do chão.
Antes que pudesse reagir, o irmão mais velho forçou sua boca a se abrir e enfiou os comprimidos garganta abaixo.
Lewis se debateu, arranhando os braços de Edward, chutando para todos os lados, mas era inútil. Ele não tinha forças contra o mais velho. O desespero tomou conta de seu corpo enquanto tentava se livrar, mas Edward o mantinha preso com uma facilidade assustadora.
No meio da luta, seu pé acertou a cômoda ao lado da cama. A jarra de água no topo caiu, espatifando-se no chão com um estrondo. A água gelada se espalhou rapidamente, encharcando os dois.
Mas Edward não parou.
Só quando Lewis começou a engasgar violentamente, seu corpo tremendo com a tosse desesperada, Edward finalmente afrouxou a pressão.
Lewis se virou de lado, arfando, tossindo sem parar enquanto tentava recuperar o fôlego. Seu peito queimava, e sua mente girava em pânico.
— Por que está lutando? Você não queria morrer, porra?
A voz de Edward cortava o ar como uma lâmina afiada, carregada de sarcasmo e desprezo.
Lewis estava desorientado. Sua garganta queimava, ressecada e dolorida pelas cápsulas que havia engolido à força. Tossia em meio ao sufocamento, o peito arfando em desespero. Com as forças que lhe restavam, tentou se arrastar para longe, engatinhando com dificuldade pelo chão frio.
Não chegou longe.
Um golpe seco atingiu suas costas com brutalidade, fazendo seu corpo desabar novamente.
— Ahh! — o grito escapou de seus lábios antes que pudesse contê-lo.
Antes que pudesse tentar escapar mais uma vez, sentiu os dedos de Edward agarrarem seu tornozelo com força, puxando-o de volta.
— Não! Não! — Lewis se debateu, tentando chutar, mas a diferença de força entre os dois tornava qualquer resistência inútil.
O primeiro soco veio rápido, direto em seu rosto.
A dor explodiu, latejante. Um gosto metálico tomou conta de sua boca.
— Já que você quer tanto morrer, irmãozinho… fique à vontade. — A voz de Edward era baixa e cruel, carregada de uma diversão doentia.
Outro soco. Mais forte.
Lewis ouviu um estalo em seu rosto e jurou que seu maxilar havia quebrado. Sua visão ficou turva por um instante, e ele sentiu algo quente escorrer pelo queixo.
— Você pode morrer, irmãozinho. Eu até te ajudo.
As palavras vieram antes da ação.
O horror tomou conta de Lewis quando Edward abriu o ziper de sua calça. Quando tentou escapar, Edward segurou seu pescoço, apertando com força, enquanto sua outra mão rasgava arrancava os botões da calça de Lewis ao mesmo tempo que a puxava pra baixo.
Lewis lutou, mas não conseguiu impedir Edward de forçar seu pênis para dentro dele, penetrando-o com brutalidade.
A dor foi avassaladora. Seu corpo inteiro enrijeceu em desespero, mas a falta de ar rapidamente o deixou fraco demais para reagir.
— Mas deixa eu te avisar antes… — Edward sussurrou contra sua pele. — Assim que você morrer, vou chamar meus amigos pra fazer uma festa com sua mãe como convidada de honra. E Daniel vai assistir tudo de camarote.
Lewis estremeceu. Uma nova onda de desespero o atingiu como um soco no estômago.
— N-não… — sua voz saiu fraca, cortada pelo sufocamento.
Edward riu. Riu como se tudo aquilo fosse apenas um jogo.
E então, mordeu sua orelha com força.
A dor fez Lewis gritar, mas o som foi abafado pelo próprio sufocamento. Sentiu o sangue quente escorrer pela lateral de seu rosto, se misturando às lágrimas que ele já não conseguia conter.
Naquele ponto, Lewis percebeu que não havia mais motivo para resistir.
Ele já não queria lutar. Não queria sentir mais nada.
Ele só queria… desaparecer.
Então, escolheu se render.
Seu corpo relaxou contra o chão. Ele parou de tentar empurrá-lo, de se debater. Deixou-se afundar na inconsciência que ameaçava tomá-lo.
Edward estremeceu acima dele, soltando gemidos de satisfação. Quando terminou, largou Lewis como se ele não passasse de um objeto descartável.
Deu-lhe tapas no rosto, rindo.
Infelizmente, Lewis ainda estava ali. Ele ainda sentia cada dor.
Morrer sempre foi tão difícil assim?
Ele encarava o teto, imóvel, enquanto ouvia Edward se levantar.
Lewis sempre achou injusto ter que acabar com a própria vida quando o verdadeiro monstro era Edward.
Ele quem merecia morrer.
Mas o mundo nunca foi justo.
E, à medida que desejava, rezava para que Edward simplesmente desaparecesse, Lewis percebeu que nada mudaria se ele apenas esperasse.
A única maneira de acabar com tudo… era tomar uma atitude.
Seu coração batia fraco, mas sua mente finalmente encontrou clareza.
Se tirar a própria vida não seria suficiente para escapar…
Então, ele teria que pará-lo.
Lewis precisava parar Edward.
Cambaleando, Lewis se levantou. Suas pernas tremiam, a cabeça girava, e o corpo parecia pesado. Mas ele não podia parar. Não agora.
Com os dedos trêmulos, ele segurava um pedaço de vidro afiado, sentindo-o cortar sua pele, mas a dor era insignificante comparada ao ódio e ao desespero que o consumiam. O sangue escorria de sua palma, mas ele sequer piscou.
Apenas alguns passos adiante, Edward estava relaxado, completamente despreocupado, fechando o zíper da calça como se nada tivesse acontecido.
Lewis não pensou.
Não hesitou.
Com um grito primal, cravou o vidro na jugular de Edward com toda a força que possuía e puxou, rasgando sua carne em um corte profundo.
O sangue jorrou violentamente, quente e espesso, pintando o chão e o corpo de Lewis em respingos escarlates.
Edward arregalou os olhos. Sua mão foi instintivamente ao pescoço, tentando conter o sangue que escapava entre seus dedos. Ele virou-se lentamente para Lewis, a boca entreaberta, mas sem conseguir formular uma única palavra.
O menor respirava ofegante, as mãos sujas de sangue e trêmulas.
Edward cambaleou, estendeu a mão para Lewis — talvez para atacá-lo, talvez para se segurar —, mas antes que pudesse fazer qualquer coisa, Lewis cravou o vidro novamente, agora em seu peito.
Dessa vez, Edward soltou um grunhido rouco.
Mesmo ferido, tentou revidar. Sua mão, ainda suja de sangue, agarrou o pescoço de Lewis, apertando com força. Seus olhos estavam cheios de fúria, mas seu corpo já não respondia com a mesma brutalidade de antes. O sangue escapava de sua boca em pequenas golfadas enquanto sua força se esvaía.
Os dois se desequilibraram e caíram sobre a cama.
Lewis puxou o vidro novamente e Edward desabou sem forças ao seu lado.
Mas isso não foi suficiente.
Algo dentro de Lewis quebrou.
Seus olhos escureceram, sua mente foi inundada por cada memória de dor, humilhação e sofrimento que Edward o fez suportar. Cada golpe, cada noite de terror.
E então ele gritou.
Um grito carregado de anos de desespero e revolta.
Completamente tomado pelo ódio, Lewis começou a cravar o vidro em qualquer pedaço de pele que via.
Uma.
Duas.
Três vezes.
O sangue espirrava, sujando a cama, o chão, seu próprio corpo. Mas ele não parava. Mesmo que Edward já estivesse claramente sem vida.
Quatro.
Cinco.
Seis vezes.
Seu corpo tremia, suas mãos estavam cobertas de sangue quente, pegajoso. Mas ele continuava.
Sete.
Oito.
Nove.
A cada lembrança de terror, ele enterrava o vidro com mais força, como se pudesse apagar cada trauma, cada dor, cada marca que Edward deixou em sua alma.
Ele estava completamente cego.
Não via mais Edward.
Não via mais o quarto.
Não via mais nada além da raiva e da necessidade de acabar com tudo.
De acabar com ele.
Quando finalmente seus braços cederam, quando não restava mais força em seu corpo para continuar os golpes, ele parou.
E então… a luz voltou aos seus olhos.
A escuridão se dissipou, e a realidade o atingiu com brutalidade.
Seu peito subia e descia de maneira descompassada.
Seus olhos arregalados encararam o que havia acabado de fazer.
Edward jazia ali, irreconhecível, o corpo mutilado e envolto em uma poça de sangue.
Lewis arregalou os olhos.
Soltou o caco de vidro como se queimasse sua pele e se afastou, o pânico crescendo em sua garganta.
Seu corpo agiu antes mesmo que ele pudesse pensar. Ele tentou dar um passo para trás, mas seu desespero foi tanto que tropeçou e caiu da cama.
O impacto o trouxe de volta à realidade.
Tremia incontrolavelmente.
Balançava a cabeça de um lado para o outro, negando o que via, como se pudesse desfazer o que tinha acabado de fazer.
Arrastou-se para longe, encolhendo-se contra a parede.
Abraçou o próprio corpo, tentando encontrar algum resquício de conforto em meio ao horror que o cercava.
Chorava.
Chorava como nunca antes.
Seus dedos foram até seus cabelos, puxando-os com força.
Arranhava a própria pele, como se tentasse arrancar de si tudo o que acabara de viver.
O quarto estava mergulhado em silêncio, exceto pelos soluços angustiados que escapavam de seus lábios.
Lewis estava assustado.
Lewis estava transtornado.