O carro deslizou suavemente pelo estacionamento da escola, mas o silêncio dentro dele era pesado, quase palpável. Lewis estava encolhido no banco do passageiro, os dedos apertando as alças de sua mochila com tanta força que os nós de seus dedos estavam brancos.

Edward estacionou o carro com um movimento brusco, desligando o motor com força desnecessária. Ele virou a cabeça lentamente para encarar Lewis, seus olhos verdes brilhando com algo frio e ameaçador.

— Você sabe as regras, não sabe? — A voz de Edward era baixa, mas carregada com uma intensidade que fazia o estômago de Lewis revirar.

Lewis assentiu rapidamente, evitando olhar diretamente para ele.

— Se comporte, irmãozinho. — Edward aproximou-se ligeiramente, o rosto tão próximo que Lewis podia sentir seu hálito de menta quente. — Porque se eu ouvir qualquer coisa sobre você hoje… — Edward pausou, sorrindo de forma torta, e seus olhos escureceram. — …você vai pagar mais tarde.

Lewis engoliu em seco, o nó em sua garganta quase sufocante. Ele assentiu novamente, a voz falhando ao tentar responder.

Edward abriu a porta do carro e saiu, batendo-a com força. Lewis ficou parado por alguns segundos, tentando controlar o tremor em suas mãos antes de finalmente sair também.

O pátio da escola estava começando a encher conforme mais alunos chegavam. O barulho de risadas e conversas parecia distante para Lewis.

Eles seguiram caminhos diferentes após atravessar os portões. Edward foi direto para onde seu grupo de amigos o aguardava, enquanto Lewis caminhava sozinho até sua sala.

A primeira aula passou sem grandes problemas. O professor explicava algo no quadro enquanto Lewis anotava mecanicamente em seu caderno. Ele não prestava muita atenção, mas estar dentro da sala de aula era um alívio — ali, pelo menos, ele estava seguro.

Quando o sinal do intervalo ainda estava longe de tocar, Lewis começou a sentir uma leve pressão na bexiga. Ele tentou ignorar, mas a sensação só piorava. Por fim, decidiu pedir permissão ao professor para ir ao banheiro.

Os corredores estavam quase vazios quando ele saiu da sala. Apenas algumas vozes distantes ecoavam pelos corredores longos e iluminados pela luz fraca que entrava pelas janelas.

Lewis caminhava com pressa, os olhos fixos no chão, na tentativa de passar despercebido.

Foi então que uma mão forte agarrou seu braço bruscamente, puxando-o para trás. Seu corpo foi girado e pressionado com força contra a parede fria. O impacto fez suas costas bater contra a superfície dura, e ele tossiu, perdendo momentaneamente o ar.

— Ora, ora… quem a gente tem aqui? — A voz arrastada e zombeteira soou perto demais de seu ouvido.

Lewis levantou lentamente a cabeça, seu olhar arregalado encontrando os olhos de Andy, um veterano conhecido por seu comportamento agressivo com os mais novos. O sorriso torto no rosto de Andy era uma mistura de diversão e crueldade, e o cheiro forte de cigarro misturado com algo azedo fazia Lewis sentir náuseas.

— Qual é, Lewis? Não vai falar nada? — Andy sorriu torto, o canto da boca se erguendo em um movimento que fazia seu rosto parecer ainda mais ameaçador. — Só quero conversar…

A voz dele era carregada de sarcasmo, um veneno que se infiltrou no peito de Lewis e fazia seus pulmões apertarem. Seus olhos, castanhos e frios, examinavam Lewis de cima a baixo como um predador prestes a devorar sua presa.

Lewis fechou os olhos com força, lágrimas acumulando-se em seus cílios. Seu corpo inteiro tremia, e ele podia ouvir seu próprio coração martelando contra seus ouvidos. Seus olhos se moveram rapidamente pelo corredor, procurando alguma alma viva, alguém que pudesse ajudá-lo. Mas o lugar estava completamente vazio agora.

As mãos de Andy apertaram ainda mais seu ombro, forçando-o contra a parede. Lewis tentou se mover, mas suas pernas estavam travadas, imóveis pelo pânico que se espalhava por seu corpo como veneno.

— Por favor… — Lewis murmurou, sua voz saiu fraca e trêmula.

— Ah, você tem voz! — Andy riu, aproximando seu rosto ainda mais do de Lewis. — Não precisa ter medo de mim, Lewis. Eu só quero ser seu amigo…

Os dedos de Andy subiram lentamente até o rosto de Lewis, roçando sua bochecha com um toque que parecia mais um aviso do que um gesto afetuoso. Lewis se encolheu, seu corpo pressionado ainda mais contra a parede.

— Sabe, você tem uma cara bem bonitinha. Alguém já te disse isso? — Andy continuou, com um sorriso maldoso que fez o Lewis estremecer.

Lewis respirava com dificuldade, o peito subindo e descendo de forma acelerada. Cada palavra de Andy parecia um prego sendo cravado lentamente em sua pele.

Ele queria gritar, queria correr, mas suas cordas vocais pareciam paralisadas.

— Tão quietinho… — Andy murmurou, inclinando-se ainda mais próximo.

Lewis fechou os olhos, as lágrimas queimando seus cílios. Ele se sentia pequeno, frágil, como se pudesse ser esmagado a qualquer momento.

— Tá maluco, porra? Solta ele! — A voz de Edward rasgou o silêncio do corredor como uma lâmina afiada, ecoando nas paredes vazias, Lewis abriu os olhos esperançosos, e Andy se afastou assustado.

Edward veio caminhando em passos firmes, seus olhos ardendo com uma fúria que fez Andy recuar instintivamente.

Com um forte empurrão, Edward afastou Andy de Lewis. O impacto fez Andy tropeçar para trás, quase caindo. Lewis escorregou lentamente pela parede até o chão, suas pernas finalmente cedendo sob o peso do medo. Ele tremia, sua respiração estava descompassada, e ele mal conseguia olhar para cima.

— Qual é, Stewart, eu só estava tendo um papo com ele — Andy riu, mas havia nervosismo em sua voz.

Edward não respondeu. Ele apenas olhou para Andy com uma expressão gélida, mortal. Não foi preciso mais nada. Andy bufou, deu um passo para trás e correu pelo corredor, desaparecendo na curva mais próxima.

Lewis continuou no chão, trêmulo. Ele queria agradecer a Edward, queria dizer que aquela situação não foi culpa de Lewis, mas sua garganta parecia travada, como se uma mão invisível estivesse apertando-a. Antes que pudesse reagir, Edward agarrou seu braço com força, os dedos cravando-se em sua pele fina.

— Levanta. — Sua voz era um rosnado baixo, quase animalesco.

Lewis obedeceu, tropeçando enquanto se levantava. Edward não afrouxou o aperto enquanto o arrastava pelo corredor vazio até o banheiro masculino.

As luzes do banheiro eram frias e fluorescentes, lançando uma sombra azulada sobre os azulejos brilhantes. Edward verificou cada cabine, abrindo as portas com brutalidade, uma a uma. Cada estrondo das portas batendo contra as paredes fazia Lewis se encolher mais.

Quando Edward teve certeza de que estavam sozinhos, ele girou a chave na porta principal, trancando-os ali dentro.

Lewis sentiu um arrepio gelado percorrer sua espinha. Seu coração estava acelerado, e sua respiração começou a falhar. Ele se sentia como um pássaro preso dentro de uma gaiola enquanto um gato faminto o observava.

Edward parou bem na sua frente, os olhos verdes fixos nos seus azuis.

— Olha pra mim. — Sua voz era baixa, mas carregada de uma força que fazia Lewis tremer mais.

Lewis hesitou, mantendo o olhar baixo.

— Olha pra mim, Lewis! — Edward gritou, a voz ecoando pelas paredes do banheiro.

Lewis levantou lentamente o rosto, mas antes que pudesse falar, o tapa veio. Rápido, forte. Sua cabeça virou para o lado com o impacto, e um gosto metálico inundou sua boca. Ele levou uma mão à bochecha, sentindo a pele latejar.

— Eu… eu não queria… — gaguejou, lágrimas começando a rolar por seu rosto.

— Olha pra mim. — Edward o cortou, a voz entredentes. Lewis estava tremendo, mas obedeceu.

Então ele foi atingido com outro tapa. Mais forte. Desta vez, ele cambaleou para trás, suas costas batendo contra a pia de mármore. As lágrimas se misturaram ao sangue que escorria pelo canto de seus lábios.

— Me perdoa, Edward… Eu juro que não queria que ele me tocasse… E-eu juro… — Sua voz era um sussurro quebrado, seus ombros sacudindo com os soluços que ele não conseguia conter.

Edward agarrou seu antebraço com força, seus dedos afundando na pele pálida de Lewis, e o jogou contra a bancada de mármore. O impacto fez o espelho vibrar levemente, e Lewis soltou um gemido abafado.

— Já que você faz tanta questão de esquecer a quem você pertence, eu vou te lembrar, maninho. — A voz de Edward era baixa, quase um sussurro, mas cada palavra carregava um tom frio e sombrio, que deixava Lewis ainda mais arrepiado.

Lewis fechou os olhos, lágrimas escorrendo livremente por seu rosto. Ele sabia o que vinha a seguir. Não havia para onde correr, não havia como se defender. Ele apenas esperou, os dedos agarrados à bancada, enquanto Edward puxou suas calças com brutalidade.

— AH! — Lewis gritou alto, perdendo o fôlego por um momento quando o pênis ereto e grosso penetrou seu ânus seco. — AH! — O corpo de Lewis se movia pra frente, tentando fugir daquele horror.

— Fica quieto, porra! — Lewis gritou de dor com o tapa forte que recebeu em sua nádega.

Lewis mordeu os lábios e apertou os punhos com força, fazendo um esforço sobrenatural para aguentar a dor. As lágrimas escorriam em seu corpo silenciosamente, enquanto o garoto pedia aos céus que aquilo acabasse logo.

Mas isso pareceu distante de acabar quando Edward começou a movimentar seu quadril com força.

O corpo de Lewis balançava para frente e para trás seguindo os movimentos bruscos de Edward, que ao contrário de Lewis, gemia de forma quase animalesca. 

Lewis sentia como se seu corpo estivesse sendo rasgado ao meio. A dor era dez vezes pior que as outras vezes. Era isso que acontecia quando ele deixava Edward irritado. Ele estava tão arrependido de não ter esperado o intervalo e ter passado por aquele corredor naquela hora.

Lewis soltou um soluço, apertando ainda mais seus dedos no mármore.

 

Quando tudo terminou, o corpo de Lewis cedeu e caiu no chão, enquanto Edward se afastava, ajeitando as próprias roupas. Ele olhou para o garoto que tremia, seu rosto estava pálido.

— Não ouse ir pra casa. Você vai voltar pra sala de aula como se nada tivesse acontecido — disse Edward, ajustando a gola de seu uniforme.

Lewis abriu a boca para protestar, mas a expressão de Edward o fez engolir qualquer palavra.

— Entendido? — Edward perguntou, a voz baixa e ameaçadora.

— Si-sim… — Lewis sussurrou, trêmulo.

Edward abriu a porta e saiu sem olhar para trás.

Lewis ficou deitado por um longo momento. As lágrimas caíram livremente agora, silenciosas, pesadas. Ele sentia dor — física e emocional — que nenhum remédio poderia curar. A cada soluço abafado, ele desejava desaparecer. Evaporar. Ser qualquer coisa além do que era naquele momento.

Depois de um tempo, Lewis levantou. Suas pernas estavam bambas e grudentas. Ele se sentia um lixo, e isso só piorou quando ele olhou pra baixo. Ele viu algumas linhas de sangue entre suas coxas, elas se misturavam com o sêmen de seu agressor.

Lewis apertou os dentes, caminhando com cuidado até uma das cabines e se trancou lá. Ele tentou se limpar o melhor que podia.

Depois que subiu sua calça e arrumou sua blusa, Lewis saiu da cabine e se olhou no espelho. Ele mal reconheceu a pessoa refletida ali. Sua bochecha estava vermelha e inchada, seus olhos vermelhos de tanto chorar, e seus lábios estavam cheios de feridas e vestígios de sangue.

Ele lavou o rosto com água fria, tentando apagar os vestígios do que havia acontecido, mas era inútil. Por mais que esfregasse, a sensação continuava ali, cravada em sua pele.

Finalmente, ele saiu do banheiro e caminhou de volta para sua sala de aula.

Cada passo era um esforço monumental. Seu corpo doía, seus joelhos tremiam, e sua cabeça latejava. Quando entrou na sala, alguns colegas olharam para ele, mas ninguém disse nada.

Sentar em seu lugar foi uma tortura para Lewis. Mas por seu lugar ficar no fundo da sala ninguém notou suas caretas de dor e gemidos sôfregos. Ele encarou o livro aberto sobre sua carteira. As palavras dançavam diante de seus olhos, completamente ilegíveis.

Ele só queria ir para casa. Queria se trancar em seu quarto e nunca mais sair.