Lewis se remexe no banco, sentindo o estômago revirar de ansiedade quando, ao olhar através do visor, percebeu que Edward estava indo para um caminho diferente do que levava à casa deles.

Seus dedos se apertaram contra o tecido do próprio moletom, o peito subindo e descendo com a respiração acelerada. Era impossível não reparar. Ele conhecia o caminho para casa, cada curva, cada casa, pois vivia contando elas sempre que passavam. Mas aquele trajeto era estranho para ele. Definitivamente nunca veio aqui antes..

Lewis engoliu seco e se virou lentamente para Edward. O semblante do cacheado permanecia impassível, os olhos fixos na estrada, as mãos firmes no volante. Não havia nenhum traço de hesitação em sua postura, nenhum sinal de que estivesse apenas pegando um atalho ou mudando de ideia no último segundo. Isso fez o pânico crescer ainda mais dentro de Lewis, como uma sombra engolindo cada pensamento racional.

Lewis engoliu seco, criando coragem. — Ha-Edward… — A voz saiu hesitante, quase um sussurro.

Edward não respondeu. Nem um olhar, nem um desvio de atenção. Apenas continuou dirigindo.

Lewis sentiu a temperatura do próprio corpo despencar. O silêncio era pior do que qualquer resposta, porque significava que não era um engano. Significava que ele não queria contar.

Com os dedos trêmulos, ele apertou os braços ao redor do próprio corpo e desviou o olhar para a janela, os olhos analisando as ruas, memorizando o caminho, caso precisasse… fugir? A palavra pairou na sua mente como um aviso, e ele odiou a sensação que isso lhe causava.

Depois de mais algumas ruas que ele definitivamente não reconhecia, Edward finalmente estacionou.

Lewis sentiu aquele arrepio sombrio voltar a subir por sua espinha ao observar a casa à sua frente.

Era uma casa normal como qualquer outra em Londres, mas que fazia o corpo todo de Louis se arrepiar apenas por olha-lá. Algo nela o fazia se sentir mal. Como se estivesse sendo engolido por algo invisível e assustador.

Seu peito subiu e desceu rapidamente.

Edward desligou o carro, tirou o cinto e abriu a porta sem pressa.

Lewis, no entanto, permaneceu imóvel.

Seus dedos estavam dormentes, as pernas fracas, e sua respiração se tornou mais curta. Ele sabia que algo estava errado. Ele sabia que não queria sair daquele carro. Não queria seguir Edward. Não queria.

Ele agarrou o tecido do moletom com mais força, o coração martelando.

Talvez fosse uma visita rápida. Talvez Edward só tivesse que pegar algo de algum amigo e depois iriam para casa.

Mas qualquer esperança que tinha foi destruída quando Edward parou com a porta do motorista aberta, inclinando a cabeça para o lado com um olhar tedioso.

— Se eu fechar essa porta e você não tiver saído da porra desse carro — ele disse, a voz baixa e perigosa —, eu vou arrastar você pra fora dele.

Lewis engoliu em seco, o pânico o sufocando. Ele não teve tempo para assimilar a ameaça por completo. Apenas abriu a porta com pressa, o corpo tremendo enquanto tentava sair do carro.

Um puxão brusco o jogou de volta contra o banco, e só então ele percebeu que ainda estava com o cinto preso.

Com os dedos apressados, ele destravou o cinto e praticamente saltou do carro antes que Edward tivesse que vir buscá-lo. Seu peito subia e descia de forma irregular, os pulmões implorando por ar.

Edward lançou-lhe um olhar breve antes de seguir em direção à casa.

Lewis hesitou.

Ele podia correr.

Podia fugir.

Podia simplesmente sair dali antes que algo acontecesse.

Mas para onde? Ele não sabia onde estava. Não conhecia aquele bairro. E pra piorar, não havia ninguém circulando por ali.

Ele apertou os olhos e respirou fundo antes de seguir Edward.

Estava tudo bem. Tudo ficaria bem. Recitou esse mantra pra si mesmo enquanto seguia Edward.

Eles pararam na frente da casa, parecia uma mini mansão. A porta da casa se abriu depois que Edward tocou a campainha.

— Stewart! — Alguém exclamou.

Lewis piscou e viu um rapaz loiro, aparentemente da mesma idade que Edward.

Edward ergueu um canto do lábio em um sorriso satisfeito e bateu o punho contra o do outro.

Lewis observou a interação com cautela, sentindo um frio ainda mais intenso se instalar em seu estômago.

O loiro o olhou de relance.

A expressão dele não era exatamente amistosa.

O mais estranho era que ele não parecia surpreso com a presença de Lewis.

Era como se já soubesse que ele estaria ali.

Isso fez com que sua respiração falhasse por um segundo.

Edward entrou, e Lewis não teve escolha a não ser segui-lo.

O interior da casa não era diferente de qualquer outra. Parecia normal. Sofás, uma televisão grande ligada ao fundo, um cheiro de cigarro misturado com perfume. Mas a atmosfera estava errada. Algo estava fora do lugar, mesmo que ele não conseguisse apontar exatamente o quê.

Na sala, haviam outras pessoas.

Lewis contou oito.

Oito rapazes, todos parecendo veteranos de alguma escola, todos com olhares avaliadores, frios.

E todos pararam para olhar para ele assim que entrou.

Lewis sentiu a pele se arrepiar da cabeça aos pés.

Os olhares não eram amigáveis. Não eram neutros.

Eram famintos.

Como se o estivessem estudando, como se estivessem decidindo algo sobre ele.

Lewis se encolheu, puxando o casaco para mais perto do corpo, tentando se fazer menor.

A porta se fechou atrás dele com um baque surdo.

Seu coração saltou contra o peito.

Ele não queria estar ali.

Ele queria ir para casa.

— Então, cara — um dos rapazes se pronunciou, inclinando-se para frente no sofá, os olhos escuros e avaliadores. — O que você tem para nós?

Lewis sentiu o estômago revirar.

Essa pergunta não era para ele. Era para Edward.

E o jeito como foi dita fez com que um arrepio doloroso percorresse sua espinha.

— Jason disse que você tinha algo divertido em mente.

Jason. Esse era o nome do loiro.

Mas Lewis nem teve tempo de processar a informação, porque foi então que percebeu algo ainda pior.

O rapaz que falava com Edward lançou-lhe um olhar direto.

Aquele mesmo olhar calculista que os outros tinham lhe dado ao entrar.

Lewis abriu a boca, mas não conseguiu emitir som algum.

Ele sentia como se estivesse pisando em gelo fino, e a qualquer momento ele poderia quebrar.

Edward não respondeu.

Ele apenas sorriu. Largo.

E então se jogou no sofá, relaxado, como se não houvesse nada de errado acontecendo. — Vocês verão. — Ele disse, os olhos verdes brilhando com algo que Lewis não conseguiu decifrar.

Mas o que realmente fez o terror o engolir foi o fato de que, durante toda a frase, Edward não desviou o olhar dele.

Lewis sentiu a garganta secar.

Ele não sabia o que estava acontecendo e não tinha interesse em descobrir. Ele só queria ir embora. Lewis se limitou apenas em se encolher num canto. Ele nunca desejou tanto se tornar invisível.

— Hey, pegue uma bebida pra mim. — O coração de Lewis disparou com a voz de Edward. Estava perdido dentro de sua mente. Edward voltou seus olhos pro menor, apontando pra cozinha.

Lewis engoliu seco e foi a passos pesados até a cozinha. Ele se sentiu desconfortável em invadir daquele jeito a casa de alguém que ele sequer conhecia, mas ele abriu a geladeira e Lewis se surpreendeu com a quantidade de bebidas alcoólicas que havia ali. Eram de vários tipos. Lewis se perguntou se eles fariam alguma festa ali.

Ele pegou uma cerveja que sabia que Edward gostaria e procurou por um abridor de garrafas. Quando estava indo embora, um outro rapaz entrou na cozinha, Lewis travou em seu lugar por um instante mas depois se apressou saindo daquele local, mas ele escutou claramente quando o homem sussurrou algo como “isso vai ser divertido” e riu consigo mesmo.

Lewis continuou de pé depois de entregar a bebida ao Stewart, sem saber o que fazer ou por quê estavam ali. Ele tentou voltar a se encolher num canto e desejou que fossem embora logo.

Edward deu um gole em sua bebida e em seguida um rapaz veio com uma garrafa de whiskey. Lewis franziu o rosto. Afinal, por que Edward pediu pra ele pegar uma cerveja se iria beber o whiskey?

— Por quê você tá escondido aí? Se aproxime, a gente não morde.

Lewis se surpreendeu quando o rapaz que abriu a porta chegou perto dele, Lewis estava tão distraído pensando em ir embora que sequer havia notado a presença dele. Essa pessoa, sem esperar a resposta de Lewis ou noção nenhuma de respeito, segurou em seu braço e o puxou para o meio da sala, onde os rapazes se encontravam.

O peito de Lewis subia e descia pela respiração acelerada. Todos agora o olhavam e Lewis não gostava disso.

— Onde você vai? — Edward questionou quando Lewis tentou fugir daquela atenção toda. — Fique aí.

Edward se levantou e automaticamente Lewis deu um passo para trás, mas bateu em algo duro e quando virou-se assustado encontrou novamente o rapaz que pensava ser dono da casa.

Lewis automaticamente se afastou dele e apertou suas mãos engolindo em seco, com Edward agora a um passo dele.

Lewis mordeu os lábios em puro nervosismo. Ele não entendia o que estava acontecendo e só queria ir embora.

Lewis apertou as mãos no tecido de sua camisa, decidindo criar coragem e pedir para irem embora.

— Edward…

— Tire a roupa. — O cacheado interrompeu ele mal pronunciou seu nome.

Uma onda de sons animados se ouviu ao comando do cacheado.

Lewis piscou, achando que escutou mal. Ele continuou imóvel olhando Edward e em seguida olhou ao redor, vendo os rapazes olhando atentos pra ele. — O-o quê…?

Lewis foi surpreendido quando a garrafa de cerveja na mão de Edward colidiu com sua cabeça. Ele caiu no chão com o impacto e sua cabeça girou por longos segundos. A garrafa partiu e o líquido derramou-se em seu corpo.

Lewis gemeu de dor, engasgando-se com um soluço. O sangue escorrendo embaçou a visão de seu olho esquerdo.

— Não vou repetir. — O olhar de Edward era sombrio agora, completamente sem emoção. Era como se toda sua paciência tivesse sido esgotada.

Lewis tremeu fortemente, em sua mente ele apenas conseguia se perguntar o que havia feito de errado para deixar Edward tão zangado. Lewis não se lembrava, então não podia concertar.

Tremendo, o menor se levantou e começou a tirar a roupa. Ele fez o mais lento que conseguiu, tentando inutilmente adiar o que for que estava por vir.

Edward deu um gole na garrafa de whiskey e voltou a se sentar.

— Quem quer ser o primeiro?

A respiração do Lewis travou. Literalmente, ele parou de respirar.