Lewis estava com o rosto sendo pressionado no colchão, o tecido áspero contra sua pele úmida pelo suor e lágrimas. Sua respiração vinha em arcos curtos e dolorosos, enquanto tentava processar a dor que seu corpo era obrigado a suportar.

— Ed-Edward… mais devagar… va-vai mais devagar, por favor… por favor — sua voz saiu entrecortada, quase inaudível.

Apesar de suas súplicas, Edward não diminuiu o ritmo.

Pelo contrário.

Cada movimento era mais forte e violento que o outro.

O quadril de Edward colidia com força contra a bunda de Lewis. Seu pênis entrava e saía numa velocidade que não deixava Lewis respirar.

— AH!

As mãos pressionadas na nuca de Lewis subiram até seu cabelo, que foram tomados em um punhado e puxados com força.

Edward inclinou seu corpo colando o peito nas costas de Lewis.

— Não é você quem dita as regras aqui, maninho — sussurrou Edward contra o ouvido de Lewis, sua voz carregada de diversão.

Lewis sentiu quando Edward se afastou, retirando seu pênis momentaneamente, apenas para investir com ainda mais força logo em seguida.

O grito de Lewis escapou de sua garganta, rasgando suas cordas vocais. Ele mordeu o lábio inferior até sentir o gosto metálico de sangue, tentando conter as lágrimas que insistiam em cair.

Edward odiava quando ele chorava.

Aquela tortura durou mais algum tempo. Edward abusou violentamente de seu corpo.

Era uma tortura que parecia não ter fim.

Quando finalmente terminou, Edward soltou um gemido alto, satisfeito, apertando com força a cintura de Lewis.

— Porra… — murmurou Edward, tirando seu pênis de dentro de Lewis sem nenhuma delicadeza e olhando para ele com desdém. — Ei, o que você está esperando? —cutucou Lewis. — Levante e arrume essa bagunça. Não quero te encontrar aqui quando eu sair do banho.

Edward caminhou até o banheiro, fechando a porta com força. O som do chuveiro ligando preencheu o silêncio opressivo que havia se instalado.

Lewis ficou ali por longos minutos, ainda tendo alguns pequenos espasmos.

Cada centímetro do seu corpo doía, cada respiração era um lembrete cruel do que havia acabado de acontecer. Seu corpo parecia que estava quebrado, e ele podia sentir o gosto metálico do sangue na boca devido à força com que mordeu os lábios para não gritar.

Finalmente, ele reuniu forças para se levantar, mesmo que cada movimento fosse como pisar em vidro quebrado.

Ele arrumou os lençóis da cama com as mãos trêmulas, esforçando-se para não deixar nenhuma evidência do que havia acontecido ali. Depois, saiu do quarto mancando pelo corredor vazio, cada passo provocando gemidos dolorosos que ecoavam nas paredes frias da casa.

Assim que entrou em seu quarto, fechou a porta com cuidado e deslizou até o chão, se deitando.

Abraçou os joelhos contra o peito, escondendo o rosto entre eles. As lágrimas caíram silenciosas, pesadas, como se pudessem carregar um pouco do peso que esmagava seus ombros.

O peito de Lewis tremia com seus soluços.

Há um ano, tudo parecia promissor quando Lewis e sua mãe chegaram naquela casa.

Samanta estava radiante, cheia de esperança de que finalmente encontrariam um lar seguro, onde poderiam reconstruir suas vidas. Daniel era um homem gentil e generoso.

Mas Edward… Edward era um poço cheio de raiva e ódio, que havia decidido tornar a vida de Lewis um inferno naquela casa.

No início, foi sutil. Edward ignorava Lewis quando estava em casa, e quando seus olhares se cruzavam, os dele estavam sempre frios e sombrios.

Depois vieram os insultos:

— Você não pertence a este lugar.

— Sua mãe não passa de uma prostituta barata.

—Você é só um parasita, Lewis.

Lewis tentava ignorar. Ele acreditava que Edward, de alguma forma, superaria aquilo, que era apenas uma fase pois se sentia magoado ou traído, por Lewis e sua mãe estarem em uma casa que era antes de Edward e sua mãe.

Então Lewis buscava apenas se manter invisível, andando pela casa como um fantasma para evitar confrontos.

Mas Edward não permitia que ele se escondesse.

Logo, os insultos se transformaram em empurrões nos corredores, tropeços “acidentais” que o faziam cair.

Depois vieram os abusos. As portas que se abriam silenciosamente no meio da madrugada, os sussurros carregados de ameaça, os momentos onde o ar parecia congelar e o mundo deixava de existir fora daquele quarto.

Lewis lutava. No início, ele lutava.

Chorava, implorava, mas ninguém nunca veio. Samanta nunca ouviu. Daniel nunca percebeu. Quando esses abusos aconteciam, eles nunca estavam em casa, e Lewis sentia-se sozinho e encurralado.

Com o tempo, Lewis desistiu.

Desistiu de lutar, desistiu de resistir.

Se ele não resistisse, Edward era menos cruel. As sessões eram menos violentas, menos brutais. Então Lewis aprendeu a se esvaziar, a desligar sua mente quando tudo acontecia.

Ele aprendeu a ser um bom garoto.

Mas não importava o quanto ele tentasse se proteger dentro de si mesmo; a dor sempre o alcança no final.

Ele se tornou uma sombra naquela casa. Um corpo que vagava silencioso, invisível, carregando consigo um peso que ninguém parecia notar.

 

___

 

Lewis acordou num sobressalto. A respiração ofegante, dolorosa. Ele olhou ao seu redor desesperado, procurando por ele. Mas ele não estava ali.

O quarto estava mergulhado na escuridão. Seu corpo estava frio, úmido de suor, os lençóis emaranhados ao seu redor.

Ele havia sonhado com Edward. Não era novidade; na verdade, era rotina. Cada noite era uma nova oportunidade para que seu subconsciente revivesse aqueles momentos dolorosos.

Ele estava cansado.

Lewis se sentou na cama, respirando fundo, tentando estabilizar seu peito arfante.

Seus olhos percorreram o criado-mudo ao lado da cama e pousaram no copo vazio que estava ali. Ele costumava deixá-lo cheio antes de dormir, mas naquela noite havia esquecido.

Por um momento, pensou em simplesmente deitar novamente e ignorar a secura em sua garganta. Mas sua boca parecia colada, e o gosto amargo que restava do pesadelo só piorava a sensação.

Com movimentos lentos e cuidadosos, ele colocou os pés no chão gelado e saiu da cama. 

Lewis caminhou até a porta e abriu-a com cuidado, espiando o corredor vazio antes de sair.

A cozinha estava mergulhada na penumbra, iluminada apenas pela luz da lua que passava pela janela. O relógio na parede marcava 1h40, e o som de seu tique-taque preenchia o silêncio.

Lewis caminhou até a pia, pegou um copo no armário com mãos trêmulas e encheu-o com água.

O líquido frio desceu por sua garganta, e por um breve instante, ele quase se sentiu normal. Quase.

Mas então, passos ecoaram atrás dele.

O copo parou a meio caminho de sua boca, e sua respiração ficou presa na garganta. Ele não precisava se virar para saber quem era. O ar ao seu redor parecia ter ficado mais pesado.

Edward estava ali.

— O que você está fazendo?

A voz dele soou fria, casual, e carregada com um mau humor silencioso.

Lewis se virou lentamente, o olhar no chão. O copo estava firme em suas mãos, mas seus dedos tremiam tanto que ele mal conseguia segurá-lo.

Edward estava encostado na porta da cozinha, descalço, vestindo apenas uma calça de moletom folgada que caía baixo nos quadris. Seus olhos verdes, mesmo na penumbra, tinham um brilho predatório que fez Lewis estremecer.

— E-eu só… só vim pegar água… — murmurou Lewis, sua voz quase inaudível.

Edward deu alguns passos lentos em direção a ele, sem desviar o olhar. Lewis sentiu seus músculos travarem; ele não conseguia se mexer.

— Sempre tão patético… — murmurou Edward, um sorriso torto e cruel formando-se em seus lábios.

Ele passou por Lewis batendo contra seu ombro com força suficiente para desequilibrá-lo. O copo escapou de suas mãos e caiu no chão, quebrando-se em vários pedaços que se espalharam pelo chão.

O som do vidro quebrando ecoou na cozinha.

Edward parou, virou-se para encarar Lewis e franziu os lábios com desprezo, o ignorando logo em seguida. Ele abriu a geladeira, pegou uma garrafa de cerveja e saiu da cozinha, sem olhar para trás.

Lewis ficou ali, parado, o olhar fixo nos cacos espalhados pelo chão. Seus ombros tremiam, e ele podia sentir as lágrimas prezas em seus olhos caírem sem pudor.

Ele fungou, passando a manga da blusa em seu nariz.

Com movimentos cuidadosos, ele ajoelhou-se no chão e começou a encontrar os pedaços de vidro com as mãos nuas e trêmulas.

Um estilhaço afiado cortou seu dedo, e uma fina linha de sangue escorreu, pingando no chão. Lewis mordeu o lábio com força, abafando o soluço que ameaçava escapar.

Ele fungou novamente e continuou, mais devagar dessa vez, coletando cada pedaço de vidro até que tudo estivesse limpo.

Depois, ele lavou o corte no dedo sob a torneira, observando a água avermelhada desaparecendo pelo ralo.

Seu rosto refletido no vidro do armário parecia pálido, cansado e vazio.

Suspirando, ele secou as mãos, apagou as luzes e subiu as escadas.

Seu corpo tremia a cada passo, e sua cabeça parecia pesar toneladas.

Quando finalmente chegou ao quarto, ele fechou a porta atrás de si e se deitou em sua cama.

Ele abraçou os joelhos contra o peito e enterrou o rosto entre eles.

As lágrimas voltaram silenciosas, rolando por seu rosto pálido enquanto ele sufocava os soluços contra os lençóis.