O-o quê?

Não.

Lewis olhou para Edward. Seus olhos estavam arregalados, as pupilas tremendo. Ele ainda não estava respirando direito e recusava-se a olhar para os outros rapazes.

— Não!

A palavra saiu num grito desesperado quando sentiu uma mão se aproximar dele por trás. O instinto tomou conta antes que pudesse processar qualquer coisa, e ele se afastou abruptamente, o coração martelando tão forte que era quase doloroso.

Mas então, ele notou mais movimentos. Passos. Sombras se aproximando.

E antes que percebesse, correu para Edward.

Seus joelhos atingiram o chão com força, mas ele mal sentiu a dor.

— E-Edward… — Lewis segurou os joelhos do mais velho com força, os dedos apertando o tecido da calça dele, desesperado para chamar sua atenção. Mas Edward sequer olhava para ele. — O quê eu fiz de errado? — a voz de Lewis saiu embargada, as palavras entrecortadas pelo soluço crescente. — E-eu…

Ele tentou continuar, mas um nó se formou na sua garganta.

— Por favor… e-eu… me perdoa? Por favor… — Lewis não sabia por quê Edward estava tão furioso, mas sabia que deveria implorar por seu perdão. Era tudo que podia fazer. Implorar.

Suas lágrimas estavam descendo descontroladamente, encharcando o tecido escuro da calça de Edward. Ele não conseguia parar de chorar. O medo o consumia de dentro para fora.

Ele não iria suportar.

Se Edward realmente permitisse que aqueles homens o tocassem…

Lewis não iria sobreviver.

Seus braços apertaram ainda mais a perna do cacheado, como se segurando-se à sua última chance de salvação. Ele não conseguia pensar em mais nada além da necessidade desesperada de fazê-lo mudar de ideia.

Quando os olhos verdes finalmente o encontraram, Lewis congelou.

Havia uma indiferença gélida neles, algo distante, impassível.

— Por quê você está se agarrando assim? — A voz de Edward veio baixa, quase preguiçosa. — Você quer que eu te foda primeiro? — Debochou, olhando pra ele com tédio.

Lewis piscou, sentindo o coração parar por um segundo. Seus lábios se abriram, mas nenhuma palavra saiu. Ele não sabia o que responder.

— E-eu… — Ele tentou encontrar sua voz, mas estava difícil respirar. — Só você… — murmurou, num fio de voz, o choro ainda controlando seu corpo.

Edward continuou olhando para ele com desinteresse.

Lewis tentou engolir os soluços e falar com mais clareza.

— Q-quero que seja apenas você, por favor, Edward… Vo-você odeia que outros homens me toquem… então… então não deixe eles me tocarem, por favor…

Seu corpo inteiro tremia, e um novo choro o dominou quando imagens horríveis passaram por sua mente.

O toque deles. As mãos desconhecidas em sua pele.

Ele não podia. Não podia.

Edward riu.

Uma risada baixa e arrastada que fez um arrepio percorrer cada centímetro do corpo de Lewis.

— Eu decidi abrir uma exceção.

Lewis sentiu seu estômago afundar.

Edward se inclinou, reduzindo o espaço entre eles.

— Eu organizei essa festa só para você.

Lewis piscou rapidamente, confuso, o pânico ainda latejando em suas veias.

Edward sorriu, mas havia algo cruel e vazio por trás daquele sorriso.

— Meu querido irmãozinho está indo embora… então eu decidi reunir alguns amigos para uma festa de despedida.

Havia um brilho de malícia em seus olhos, misturado a uma raiva inexplicável.

Lewis ficou imóvel.

O ar parecia ter sido arrancado de seus pulmões.

Edward sabia.

Ele sabia.

Desde quando? Como ele descobriu?

— E-eu não… você entendeu errado… — Lewis tentou, mas antes que pudesse terminar a frase, sentiu o impacto.

A dor explodiu em seu rosto, quente e latejante.

O tapa foi tão forte que quase o fez soltar a perna de Edward, mas ele se agarrou com ainda mais força, como se aquilo fosse sua única âncora.

Seus olhos ardiam com lágrimas.

— Merda. — Edward riu, seco, balançando a cabeça como se estivesse decepcionado. Ele lançou um olhar para os amigos ao redor. — Eu dei muita liberdade pra você. Você até tem coragem de mentir e tentar me enganar.

Lewis tentou engolir a dor, mas a ardência em seu rosto era insuportável.

Então, antes que pudesse reagir, sentiu os dedos de Edward se fecharem em seu cabelo e o puxar com força.

Lewis soltou um grito.

Seus olhos se encheram de lágrimas enquanto ele tentava desesperadamente aliviar a dor, mas Edward não afrouxou o aperto.

— Eu avisei você, Lewis. — A voz de Edward era baixa, mas cortante e sombria. Cada palavra pingava ódio e fúria. — Porra, eu te avisei!

O peso de sua raiva fez o estômago de Lewis revirar.

— E-eu juro que eu iria apenas passar as férias, Edward. Eu juro! — Lewis implorou, sua voz falhando a cada soluço. Seu couro cabeludo pulsava da dor causada pelo puxão de Edward, e o choque se espalhava por seu corpo como se cada célula sua gritasse de desespero.

Mas nada disso adiantava.

Edward nunca foi do tipo que aceitava desculpas.

Outro tapa veio com brutalidade.

A cabeça de Lewis virou para o lado com o impacto, e ele sentiu o gosto amargo de sangue se espalhar por sua boca.

Ele fechou os olhos com força, tentando conter as lágrimas, mas era impossível. Seu corpo inteiro tremia, e ele mal conseguia respirar direito.

A humilhação era avassaladora.

Seu rosto queimava, não apenas pelo tapa, mas pela vergonha, pelo terror de estar sendo exposto daquele jeito.

Isso nunca tinha acontecido antes.

Edward o humilhava, sim. Abusava dele. Mas sempre entre quatro paredes, onde apenas eles sabiam, onde ninguém mais testemunhava.

Agora… agora ele não era apenas um brinquedo de Edward.

Agora ele era um espetáculo.

Pôde sentir os olhares sobre ele, ferozes. Alguns, claramente, se divertindo com sua dor, sua humilhação.

E isso era insuportável.

Seu peito subia e descia com força, os soluços rasgando sua garganta.

Ele sentia que poderia quebrar a qualquer momento.

— Você perdeu o medo. — A voz de Edward veio carregada de deboche. — Agora acha que pode fazer o que quiser. Mas eu vou te mostrar do que sou realmente capaz.

A tensão na sala ficou palpável.

Os músculos de Lewis travaram em puro pânico.

Edward sorriu.

— Vamos ver se desse jeito você aprende.

E então ele o soltou.

Lewis estava tão fraco que caiu para trás, o chão duro atingindo suas costas com força. Sua cabeça bateu contra o chão, e por um momento tudo ficou embaçado.

Ele sentiu a tontura o consumir, e por um breve segundo, pensou em apenas se render a ela.

Mas então…

— Eu não vou, Edward! — Ele gritou, reunindo o pouco de força que lhe restava.

Sua voz ecoou pela sala, sua própria coragem o surpreendeu.

— Eu não vou embora!

Lágrimas quentes escorriam por seu rosto.

Ele se levantou aos tropeços, o corpo instável.

— Eu não preciso de nenhuma festa de despedida porque eu não vou pra lugar nenhum, eu juro! Eu não vou, Edward!

O desespero voltou com força total, e ele se lançou novamente aos pés de Edward, abraçando suas pernas com força.

— Por favor… eu… eu não queria ir… eu…

Mas as palavras desapareceram em meio ao choro.

Edward arqueou a sobrancelha.

— Não? — Seu tom estava carregado de ironia. — Então eu fiz tudo isso em vão?

Ele inclinou a cabeça, fingindo estar chateado.

— Ah, qual é, cara! — Um dos rapazes reclamou, xingando Edward por fazê-los perder tempo.

— Calados.

A voz de Edward cortou o ar como uma lâmina.

O silêncio foi imediato.

— Está vendo? — Edward balançou a cabeça, voltando a falar com os amigos. — Agora meus amigos estão decepcionados comigo.

Ele suspirou dramaticamente e então…

Levantou-se.

Lewis ainda estava de joelhos, congelado, incapaz de se mover.

Ele sentiu o terror tomar conta de seu corpo, fazendo seus músculos travarem.

Seus dedos se fecharam em punhos, as unhas cravando dolorosamente em suas palmas.

Ele estava chorando forte.

Antecipando o terror.

— Por que você está chorando? — Edward zombou. — Eu não fiz nada ainda.

E então riu.

Os outros rapazes o acompanharam.

Lewis fechou os olhos com força, tentando bloquear o som.

Mas a risada ecoava ao seu redor.

E ele soube, naquele momento, que estava acabado.